Mulher é agredida durante ataque de fúria de motorista em São Paulo
Homem desceu do carro e bateu em motorista que não abriu passagem.
Psicóloga diz que transtorno explosivo intermitente atinge 450 mil paulistas.
Ataque de fúria no trânsito: em São Paulo, uma motorista foi agredida por um casal sem nenhum motivo.
Segundo estudo do Centro Psicológico de Controle do Stress, 20% das mulheres e 60% dos homens que dirigem em São Paulo apresentam traços de raiva acima da média.
Quando Jéssica e Amanda saíram de casa no último sábado com destino ao shopping acreditaram que seria um dia tranquilo. Mas para chegar até o lazer teriam de enfrentar o trânsito de São Paulo.
Tudo começou quando Jéssica parou o carro diante do sinal vermelho.
“Ele parou o carro atrás do meu, colou o carro e começou a dar farol alto. Eu baixei o vidro e fiz um sinal, do tipo, "o sinal está vermelho, eu não tenho o que fazer". Ele pegou e deu ré, a primeira batida atrás do carro. Deu a segunda ré, bateu de novo. Aí eu desci para ver o que tinha acontecido, e aí fui tirar uma foto da placa traseira dele. Nisso ele já desceu me xingando e, quando eu olhei para o lado, ele já me acertou. Acertou com a mão no meu rosto”, conta Jéssica.
Depois do marido, apareceu a esposa.
“Começou a me xingar, a dizer para eu entrar no carro e ir embora, que eu estava errada, que eu não tinha dado passagem para ele e tinha fechado ele, me xingando e me empurrando o tempo inteiro. Aí quando eles viram que ela realmente estava chamando a polícia, eles decidiram fugir”, completa a vítima da agressão.
A psicóloga Liliana Seger, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, classifica essa raiva desmedida como "transtorno explosivo intermitente".
Segundo ela, um problema que a cada dia atinge mais pessoas. Numa pesquisa, ela constatou que pelo menos 4% da população de São Paulo sofre com esse transtorno. Isso equivale a 450 mil pessoas que, em média, duas vezes por semana vivenciam episódios de violência, com reação desproporcional ao fato. É muita raiva atrás do volante.
“As pessoas acabam se sentindo, numa cidade como São Paulo, com muito trânsito, com uma sensação de impotência muito grande. Elas percebem que elas não têm muita saída e isso gera muita raiva”, avalia a especialista.
Quem dirige em São Paulo sabe como é fácil dar de cara com a raiva no trânsito desta cidade.
“Eu percebo que elas estão mais impacientes. Não respeitam mais, não dão passagem para mais ninguém”, diz uma motorista.
“Existe uma certa violência porque as pessoas não se respeitam mais”, fala outro condutor.
Retirado de: Bom Dia Brasil | Globo